Ela
entrou com maestria no banheiro, deixou a toalha cair no chão com sensualidade,
dançou na ponta dos pés, completamente nua, girou no mesmo lugar e, por fim, ligou
o chuveiro, como se estivesse em um palco apresentando-se gloriosamente,
dançando em um espetáculo grego.
Afinal,
a noite merecia um banho caprichado! E, feliz, ela o iniciou...Lavou
os cabelos castanhos e ondulados que certamente ele os cheiraria e elogiaria por sua maciez. Lavou as mãos que ele
pegaria entre as suas e beijaria tratando-a como uma dama. Lavou os braços, os
quais colocaria em torno dele, antes de beija-lo calorosamente. Escovou os
delicados pés, os quais ele massagearia antes de fazerem amor. Escovou as
costas, as quais ele tocaria com tesão, arrepiando-lhe toda. Lavou o pescoço
comprido, o qual ele tocaria com seus lábios grossos, deixando-lhe excitada e
relaxada. Lavou os seios duros e fartos, os quais ele apertaria com carinho
antes de deitar-lhe na cama. Lavou as pernas e as coxas sedosas, as quais ele
colocaria entre as suas, grossas e firmes, cobertas por pelos, prendendo-lhe em
um abraço selvagem. Passou sabonete perfumado por sua barriga, a qual, um dia,
carregaria um filho desse amor.
Terminado
o ritual, então, ela se cobriu novamente com a toalha, sorrindo à toa, e saiu
debaixo do chuveiro.
Em
seguida, porém, o inevitável aconteceu. Aconteceu tão rápida e inesperadamente
que ela não chegou sequer a esboçar uma expressão de surpresa: ela escorregou
no piso molhado do banheiro e bateu com a cabeça na quina da parede, caindo com
violência no chão, onde perdeu a consciência e o sangue esvaiu-se ininterruptamente,
interrompendo-se assim o que poderia ter sido um encontro maravilhoso e uma ótima
vida a dois.
Texto por Fonnato
Desenho por Hungöver
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