quinta-feira, 7 de junho de 2012

O Banho



Ela entrou com maestria no banheiro, deixou a toalha cair no chão com sensualidade, dançou na ponta dos pés, completamente nua, girou no mesmo lugar e, por fim, ligou o chuveiro, como se estivesse em um palco apresentando-se gloriosamente, dançando em um espetáculo grego.
Afinal, a noite merecia um banho caprichado! E, feliz, ela o iniciou...Lavou os cabelos castanhos e ondulados que certamente ele os cheiraria e elogiaria por sua maciez. Lavou as mãos que ele pegaria entre as suas e beijaria tratando-a como uma dama. Lavou os braços, os quais colocaria em torno dele, antes de beija-lo calorosamente. Escovou os delicados pés, os quais ele massagearia antes de fazerem amor. Escovou as costas, as quais ele tocaria com tesão, arrepiando-lhe toda. Lavou o pescoço comprido, o qual ele tocaria com seus lábios grossos, deixando-lhe excitada e relaxada. Lavou os seios duros e fartos, os quais ele apertaria com carinho antes de deitar-lhe na cama. Lavou as pernas e as coxas sedosas, as quais ele colocaria entre as suas, grossas e firmes, cobertas por pelos, prendendo-lhe em um abraço selvagem. Passou sabonete perfumado por sua barriga, a qual, um dia, carregaria um filho desse amor.
Terminado o ritual, então, ela se cobriu novamente com a toalha, sorrindo à toa, e saiu debaixo do chuveiro.
Em seguida, porém, o inevitável aconteceu. Aconteceu tão rápida e inesperadamente que ela não chegou sequer a esboçar uma expressão de surpresa: ela escorregou no piso molhado do banheiro e bateu com a cabeça na quina da parede, caindo com violência no chão, onde perdeu a consciência e o sangue esvaiu-se ininterruptamente, interrompendo-se assim o que poderia ter sido um encontro maravilhoso e uma ótima vida a dois.

Texto por Fonnato
Desenho por Hungöver

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